Recredenciada pelo Decreto Estadual
N° 16.825, de 04.07.2016
Boletim técnico
Controle agroecológico de forídeos em Abelhas Sem Ferrão
Generosa Sousa Ribeiro- Bióloga, DSc em Ciências Agrárias (Meliponicultura)
Laboratório de Meliponicultura -Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
E-mail: generosa.sousa@uesb.edu.br
Carla da Silva Panetti, Enfermeira e Terapeuta Homeopata – Centro Universitário de Brasília - CEUB
Ingrid Sousa Costa – Bióloga, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
O objetivo do presente boletim técnico é a divulgação da metodologia de preparo e utilização de uma solução agroecológica para o combate e controle de forídeos em abelhas sem ferrão. O artigo completo será publicado posteriormente em revista de divulgação científica da área de Agroecologia.
O controle de inimigos naturais na Agroecologia pode ocorrer através da aplicação de produtos formulados com plantas medicinais e de materiais minerais para revitalização e proteção das plantas cultivadas ou para o controle de problemas fitossanitários que tenham sido causados por inimigos naturais que surgem a partir do desequilíbrio de alguma parte do sistema de cultivo. No segundo caso, utiliza-se o próprio agente causador (fungo, bactéria, inseto, etc.) para elaborar uma solução homeopática chamada nosódio para controlar sua ação. O princípio básico da homeopatia é “semelhante cura semelhante”.
Os forídeos (Pseudohypocera kerteszi), inimigos naturais das abelhas, são moscas cleptoparasitas que utilizam o pólen coletado pelas abelhas, para sua alimentação e postura. São pequenas (≤ 5,5 mm) e bem rápidas na movimentação. A infestação das colônias pelos forídeos é um dos principais fatores limitantes para a multiplicação racional das abelhas sem ferrão.
Os forídeos machos e fêmeas invadem as colônias, atraídos pelo cheiro azedo do pólen em fermentação. Os machos costumam entrar nas colônias antes das fêmeas, demarcando território com feromônios para o acasalamento posterior. Poucas horas depois do acasalamento, as fêmeas estabelecem a postura dentro dos potes de pólen e em até 24 horas poderá ocorrer a infestação severa e causar danos irreversíveis levando até a morte do enxame.
Poucos trabalhos sobre a biologia dos forídeos foram desenvolvidos até o momento. A maior preocupação dos meliponicultores tem sido o combate, através da limpeza das caixas racionais e instalação de iscas-armadilhas. Porém as iscas com utilização de vinagre e/ou pólen fermentado não combatem com eficiência uma infestação severa
O estudo que gerou a presente nota técnica teve o objetivo de utilizar o nosódio, solução homeopática no controle e combate dos forídeos, na concentração de 4CH.
Metodologia de preparo do nosódio e aplicação
Para o preparo do nosódio, 40 forídeos vivos devem ser coletados de caixas de abelhas sem ferrão infestadas. Os forídeos devem ser coletados com o auxílio de um “sugador de forídeo” (Figura 1 a) ou de outra forma, desde que sejam capturados vivos. Logo após a coleta, deverá ser adicionado 1 mL de álcool de cereais a 70% no frasco utilizado para coleta, com os forídeos ainda vivos e imediatamente macerados (Figura 1 b, c e d). Os forídeos macerados devem ser colocados em um frasco âmbar de vidro com capacidade de 1.000 mL, onde será adicionado mais 999 mL de álcool de cereais a 70%. O frasco deverá ser guardado em um armário escuro pelo período de 15 dias. Após 15 dias, a solução que é chamada de “tintura mãe” deverá ser coada em papel de filtro (Figura 2) e na sequencia deverá ser realizada as diluições e dinamizações homeopáticas (batidas fortes e sequentes para “homogeneização” da solução) (Figura 3) e na seguinte ordem:
a) Transferência de 1 mL da tintura mãe para um frasco âmbar de vidro com capacidade de 100 mL. Adicionar 99 mL de álcool de cereais a 70%, e realizar 100 dinamizações com a mesma frequência . Essa primeira dinamização será o nosódio de 1 CH;
b) Transferência de 1 mL do nosódio 1CH para um frasco âmbar de vidro com capacidade de 100 mL. Adicionar 99 mL de álcool de cereais a 70%, e realizar 100 dinamizações com a mesma frequência . Essa dinamização será o nosódio de 2 CH;
c) Transferência de 1 mL do nosódio 2CH para um frasco âmbar de vidro com capacidade de 100 mL. Adicionar 99 mL de álcool de cereais a 70%, e realizar 100 dinamizações com a mesma frequência. Essa dinamização será o nosódio de 3 CH;
d) Transferência de 1 mL do nosódio 3 CH para um frasco âmbar de vidro com capacidade de 100 mL. Adicionar 99 mL de álcool de cereais a 70%, e realizar 100 dinamizações com a mesma frequência. Essa dinamização será o nosódio de 4 CH;
e) Para o preparo da solução para pulverização será retirado 20 mL da solução 4 CH e adicionado a um frasco pulverizador de plástico com 980 mL de água deionizada, completando 1 litro de solução para pulverização;
As pulverizações devem ser realizadas em todos os lados externos das caixas infestadas com dois jatos cada; um jato interno em cada canto das caixas com repetições a cada 24 horas em um período de 3 dias, sendo repetido o mesmo procedimento após 8 dias das 3 primeiras pulverizações. As aplicações devem ser realizadas no período diurno.
A solução pode também ser utilizada em divisões de caixas racionais com o objetivo de prevenção de infestação.
No preparo do nosódio é necessário que todos os recipientes utilizados sejam novos para que nenhum tipo de resíduo interfira na composição da solução. As 100 dinamizações (batidas sequentes) devem ser todas na mesma frequência e força para a garantia da potencialização desejada. A tintura mãe e o nosódio 4 CH pode ser encomendado em farmácias homeopáticas. A tintura mãe tem validade de 2 anos e as soluções dinamizadas (CH) de 48 horas. Provavelmente o responsável técnico solicitará os forídeos vivos para o preparo da solução.
Referências
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