14 de dezembro de 2019

Controle agroecológico de forídeos em Abelhas Sem Ferrão



 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB

Recredenciada pelo Decreto Estadual
N° 16.825, de 04.07.2016



Boletim técnico

Controle agroecológico de forídeos em Abelhas Sem Ferrão

Generosa Sousa Ribeiro- Bióloga, DSc em Ciências Agrárias (Meliponicultura)
Laboratório de Meliponicultura -Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
E-mail: generosa.sousa@uesb.edu.br
Carla da Silva Panetti, Enfermeira e Terapeuta Homeopata – Centro Universitário de Brasília - CEUB
Ingrid Sousa Costa – Bióloga, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB

O objetivo do presente boletim técnico é a divulgação da metodologia de preparo e utilização de uma solução agroecológica para o combate e controle de forídeos em abelhas sem ferrão. O artigo completo será publicado posteriormente em revista de divulgação científica da área de Agroecologia.
O controle de inimigos naturais na Agroecologia pode ocorrer através da aplicação de produtos formulados com plantas medicinais e de materiais minerais para revitalização e proteção das plantas cultivadas ou para o controle de problemas fitossanitários que tenham sido causados por inimigos naturais que surgem a partir do desequilíbrio de alguma parte do sistema de cultivo. No segundo caso, utiliza-se o próprio agente causador (fungo, bactéria, inseto, etc.) para elaborar uma solução homeopática chamada nosódio para controlar sua ação. O princípio básico da homeopatia é “semelhante cura semelhante”.
Os forídeos (Pseudohypocera kerteszi), inimigos naturais das abelhas, são moscas cleptoparasitas que utilizam o pólen coletado pelas abelhas, para sua alimentação e postura. São pequenas (≤ 5,5 mm) e bem rápidas na movimentação. A infestação das colônias pelos forídeos é um dos principais fatores limitantes para a multiplicação racional das abelhas sem ferrão.
Os forídeos machos e fêmeas invadem as colônias, atraídos pelo cheiro azedo do pólen em fermentação. Os machos costumam entrar nas colônias antes das fêmeas, demarcando território com feromônios para o acasalamento posterior. Poucas horas depois do acasalamento, as fêmeas estabelecem a postura dentro dos potes de pólen e em até 24 horas poderá ocorrer a infestação severa e causar danos irreversíveis levando até a morte do enxame.
Poucos trabalhos sobre a biologia dos forídeos foram desenvolvidos até o momento. A maior preocupação dos meliponicultores tem sido o combate, através da limpeza das caixas racionais e instalação de iscas-armadilhas. Porém as iscas com utilização de vinagre e/ou pólen fermentado não combatem com eficiência uma infestação severa
O estudo que gerou a presente nota técnica teve o objetivo de utilizar o nosódio, solução homeopática no controle e combate dos forídeos, na concentração de 4CH.

Metodologia de preparo do nosódio e aplicação

Para o preparo do nosódio, 40 forídeos vivos devem ser coletados de caixas de abelhas sem ferrão infestadas. Os forídeos devem ser coletados com o auxílio de um “sugador de forídeo” (Figura 1 a) ou de outra forma, desde que sejam capturados vivos. Logo após a coleta, deverá ser adicionado 1 mL de álcool de cereais a 70% no frasco utilizado para coleta, com os forídeos ainda vivos e imediatamente macerados (Figura 1 b, c e d). Os forídeos macerados devem ser colocados em um frasco âmbar de vidro com capacidade de 1.000 mL, onde será adicionado mais 999 mL de álcool de cereais a 70%. O frasco deverá ser guardado em um armário escuro pelo período de 15 dias. Após 15 dias, a solução que é chamada de “tintura mãe” deverá ser coada em papel de filtro (Figura 2) e na sequencia deverá ser realizada as diluições e dinamizações homeopáticas (batidas fortes e sequentes para “homogeneização” da solução) (Figura 3) e na seguinte ordem:
a) Transferência de 1 mL da tintura mãe para um frasco âmbar de vidro com capacidade de 100 mL. Adicionar 99 mL de álcool de cereais a 70%, e realizar 100 dinamizações com a mesma frequência . Essa primeira dinamização será o nosódio de 1 CH;
b) Transferência de 1 mL do nosódio 1CH para um frasco âmbar de vidro com capacidade de 100 mL. Adicionar 99 mL de álcool de cereais a 70%, e realizar 100 dinamizações com a mesma frequência . Essa dinamização será o nosódio de 2 CH;
c) Transferência de 1 mL do nosódio 2CH para um frasco âmbar de vidro com capacidade de 100 mL. Adicionar 99 mL de álcool de cereais a 70%, e realizar 100 dinamizações com a mesma frequência. Essa dinamização será o nosódio de 3 CH;
d) Transferência de 1 mL do nosódio 3 CH para um frasco âmbar de vidro com capacidade de 100 mL. Adicionar 99 mL de álcool de cereais a 70%, e realizar 100 dinamizações com a mesma frequência. Essa dinamização será o nosódio de 4 CH;
e) Para o preparo da solução para pulverização será retirado 20 mL da solução 4 CH e adicionado a um frasco pulverizador de plástico com 980 mL de água deionizada, completando 1 litro de solução para pulverização;
As pulverizações devem ser realizadas em todos os lados externos das caixas infestadas com dois jatos cada; um jato interno em cada canto das caixas com repetições a cada 24 horas em um período de 3 dias, sendo repetido o mesmo procedimento após 8 dias das 3 primeiras pulverizações. As aplicações devem ser realizadas no período diurno.
 A solução pode também ser utilizada em divisões de caixas racionais com o objetivo de prevenção de infestação.
No preparo do nosódio é necessário que todos os recipientes utilizados sejam novos para que nenhum tipo de resíduo interfira na composição da solução. As 100 dinamizações (batidas sequentes) devem ser todas na mesma frequência e força para a garantia da potencialização desejada. A tintura mãe e o nosódio 4 CH pode ser encomendado em farmácias homeopáticas. A tintura mãe tem validade de 2 anos e as soluções dinamizadas (CH) de 48 horas. Provavelmente o responsável técnico solicitará os forídeos vivos para o preparo da solução.

Referências
ANDRADE, F.M.C. Homeopatias no crescimento e na produção de cumarina em chambá (Justicia pectoralis Jacq.). Revista Brasileira Plantas Medicinais, Botucatu, v.14, especial, p.154-158, 2012.
CAPRA, R.S.; GRATÃO, A.S.; FREITAS. G.B.; LEITE, M.N. Preparados homeopáticos e ambiente de cultivo na produção e rendimento de quercetina em carqueja [Baccharis trimera (Less) DC]. Rev. Bras. Pl. Med., Campinas, v.16, n.3, p.566-573, 2014.
CASALI, V.W.D.; ANDRADE, F.M.C.; DUARTE, E.C. Acologia de altas diluições. Viçosa: DFT/UFV, 2009. 600p. CASALI, V.W.D. et al. Homeopatia: bases e princípios. Viçosa: DFT/UFV, 2006. 149p
CONTRERA, F. A. L.; VENTURIERI, G. C. Revisão das interações entre forídeos (Diptera: Phoridae) e abelhas indígenas sem ferrão (Apidae: Meliponini) e técnicas de controle. In: ENCONTRO SOBRE ABELHAS, 8., 2008, Ribeirão Preto. Biodiversidade e uso sustentado de abelhas: anais. Ribeirão Preto: FUNPEC, 2008. p. 146-153.
FREIRE, D.C.B.; BRITO-FILHA, C.R.; CARVALHOZILSE, G.A. Efeito dos óleos vegetais de andiroba (Carapa sp) e copaíba (Copaifera sp) sobre forídeo, praga de colmeias, (Diptera:Phoridae) na Amazônia Central. Acta Amazonica, Manaus, v. 36, n. 3., p. 365 - 368, 2006.
GARCIA, R. S.; SANTOS, L. H.; CERQUEIRA, B. R.; CARVALHO, R.; ARMOND, C. Efeito de Nosódio na 5CH e 6CH como repelente de oviposição de Ceratitis capitata (Wied.,1824 )(Diptera:Tephridae) em goiabas. Cadernos de Agroecologia, v. 8, n. 2, 2013 PERUQUETTI, R. C.; SILVA, Y. C. da; DRUMOND, P. M. Forídeos cleptoparasitas de abelhas-sem-ferrão: sazonalidade, distribuição espacial e atratividade de iscas de vinagre. Embrapa Acre, 2012.
RUPP, L. C. D.; BOFF, M. I. C.; BOTTON, M.; SANTOS, F.; BOFF, P. Peparados homeopáticos para o manejo da mosca-das-frutas na cultura do pessegueiro. Rev. Bras. Agroecologia. Lages, v. 2, n. 1, p. 1606-1610, fev. 2007.

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
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19 de novembro de 2019

Abelhas “babás” esquentam a barriga para manter o ninho aquecido

Tórax mais quente de algumas abelhas sem ferrão garante desenvolvimento da prole, característica que pode ser fundamental para sobrevivência da espécie


Algumas abelhas que cuidam da prole são capazes de produzir calor em seu tórax, contraindo a musculatura e armazenando gordura no abdome. Na imagem, operárias no ninho da espécie Melipona scutellaris, a uruçu-nordestina – Foto: Cícero R. C. Omena via Wikimedia Commons / CC BY 2.0
As abelhas desempenham várias funções bem conhecidas ao longo de seus 60 dias de existência. Elas coletam pólen, defendem a colmeia, produzem mel e atuam como cuidadoras da prole em desenvolvimento. O que ainda não se sabia é que algumas dessas babás – ou “enfermeiras”, como chamam os pesquisadores – têm uma característica diferente das outras: a capacidade de aumentar a temperatura do abdome.  
A descoberta foi observada na comunidade de abelhas sem ferrão uruçu-nordestina, analisada pela bióloga Yara Roldão, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, durante sua pesquisa de doutorado sobre termorregulação.
A pesquisadora observou que algumas das abelhas enfermeiras, que cuidam da prole dentro do ninho, são capazes de produzir calor em seu tórax contraindo a musculatura e armazenando gordura no abdome. Desta maneira, atingem uma temperatura até 4º C mais alta que as companheiras. Nesta fase, que acontece entre o décimo segundo e décimo quarto dia de vida, o seu trabalho é andar pelos favos de cria conferindo se as abelhas em desenvolvimento estão vivas. “É nessa época que ela apresenta o ovário mais desenvolvido e também é mais quentinha”, conta Yara. 

Enquanto operárias comuns possuem temperatura corporal de 31º C, as abelhas “enfermeiras” podem chegar até a 35°C
Da acordo com a pesquisadora, o ninho é a região mais quente da colmeia, com uma temperatura que varia entre 28º e 30º C, para que a cria se desenvolva sem nenhum problema ou deformação. Yara conta que foi neste ambiente que a câmera infravermelho, utilizada para a realização da pesquisa, captou a atuação de três fontes de calor: o invólucro (camada de cera criada pelas abelhas, responsável por manter o favo aquecido), a própria cria, e as abelhas enfermeiras. “Essa câmera consegue captar calor desde a abelha até a colônia onde ela vive. Foi assim que nós percebemos que na área de cria havia algumas abelhas com corpos mais quentes do que as outras”, explica. 
Yara identificou que, enquanto as operárias comuns possuem temperatura corporal de 31º C, as enfermeiras podem chegar até a 35° C quando atuam na área de criação. Segundo a bióloga, até então não havia indícios dessa função entre as abelhas sem ferrão, pois essa peculiaridade não é algo que se possa concluir apenas observando sem equipamento. “Agora sabemos de onde vem e como é mantido o calor da área de criação, sabemos o porquê de essa região ser mais quente e como isso gera um bom resultado no desenvolvimento dos imaturos, que são as abelhas que ainda vão nascer.” 
O professor Fábio Santos do Nascimento, orientador do trabalho, conta que o objetivo do estudo era avaliar como as abelhas sem ferrão respondem às modificações climáticas e se havia mecanismos que as ajudavam a manter estável a temperatura da colmeia. Afinal, diz ele, “vivemos num período em que as abelhas são constantemente afetadas, tanto em questão de modificações climáticas quanto na utilização de pesticidas no campo”. 
Para Nascimento, a pergunta agora é se essas regiões específicas da colmeia produzem indivíduos específicos. “Por exemplo, não sabemos como as abelhas rainhas são produzidas, pois ainda há pouca informação a respeito da biologia delas: desde a questão do forrageamento, da busca de néctar, do pólen, até a fisiologia dos indivíduos dentro da colmeia.” Segundo o cientista, porém, há grandes chances de que a característica descoberta seja essencial para a  sobrevivência. “Essa função nova pode ser fundamental para a biologia dessas espécies”, sugere.
A pesquisa, desenvolvida no Laboratório de Comportamento e Ecologia de Insetos Sociais da FFCLRP, foi publicada pelo Journal of Economic Entomology da Oxford Academic Scientific no início deste ano.
Bióloga Yara Roldão, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP
Créditos Jornal da USP

27 de fevereiro de 2019

Abelha Lambe Olhos

Leurotrigona muelleri (Lambe olhos) 

Esta abelha nativa mede 1,5 mm e é considerada a menor abelha do mundo.Infelizmente mais uma que corre risco de extinção. 
De ocorrencia natural no estado de São Paulo
Mais uma especie criada e preservada por nós do Apiário & Meliponário São Francisco