3 de dezembro de 2017

Ora-pro-nóbis!! Tem floração rápida, mas muito frequentada por meliponas

Usada como cerca viva, ornamentação e alimento, a hortaliça se desenvolve em vários tipos de solo e é pouco explorada comercialmente

POR JOÃO MATHIAS | CONSULTORES NUNO R. MADEIRA E GEORGETON S. R. SILVEIRA*

Onde se planta, nasce. Quando cresce, serve de proteção e alimento. Repleta de flores, ainda deixa o ambiente mais bonito. Por meio da hortaliça ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata), a natureza oferece múltiplos benefícios ao ser humano, o que seria motivo suficiente para a escolha de seu nome popular. Mas, conta-se que assim foi batizada pelo costume de ser colhida no quintal de uma igreja, para ser preparada para o almoço, quando o padre iniciava a reza final da missa da manhã.

"Rogai por nós" em português, ora-pro-nóbis é uma frase em latim nem sempre facilmente assimilada. Por isso, pode ser comum encontrar derivações dela, sendo por vezes chamada lobrobó ou orabrobó por agricultores de Minas Gerais, onde a planta é muito difundida na culinária local. Originária do continente americano, encontram-se variedades nativas dessa hortaliça perene, rústica e resistente à seca da Flórida, nos Estados Unidos, à região sudeste do Brasil. De fácil manejo e adaptação a diferentes climas e tipos de solo, produtiva e nutritiva, a ora-pro-nóbis é uma boa alternativa para produtores iniciantes no cultivo de hortaliças.
Ela pertence à família das cactáceas. Na idade adulta, sua estrutura em forma de arbusto torna-se uma excelente cerca viva, tanto para ser usada como quebra-vento quanto como barreira contra predadores. A existência de espinhos pontiagudos nos ramos inibe o avanço de invasores.
Perfumadas, pequenas, brancas com miolo alaranjado e ricas em pólen e néctar, as flores brotam na ora-pro-nóbis de janeiro a abril. De junho a julho, ocorre a produção de frutos em bagas amarelas e redondas. A generosa e bela floração é um ornamento ao ambiente, ideal para decoração natural de propriedades rurais, como chácaras, sítios e fazendas. A ora-pro-nóbis também pode ser plantada em quintais e jardins de residências. As folhas são a parte comestível da planta. Secas e moídas, elas são usadas em diferentes receitas, especialmente em sopas, omeletes, tortas e refogados. Muita gente prefere consumir as folhas cruas em saladas, acompanhando o prato principal. Outros as usam como mistura para enriquecer farinha, massas e pães em geral. Galinha caipira com ora-pro-nóbis é prato tradicional da culinária mineira. É servido cotidianamente nas cidades históricas do estado, como Diamantina, Tiradentes, São João Del Rey e Sabará, onde anualmente há um festival da hortaliça.
In natura ou misturada na ração, animais também aproveitam os benefícios das folhas da ora-pro-nóbis. Elas estão entre as que possuem maior teor de proteína, com algumas variedades chegando a mais de 25% da matéria seca. Na medicina popular, elas são indicadas para aliviar processos inflamatórios e na recuperação da pele em casos de queimadura.
RAIO-X
>>> SOLO: 
qualquer tipo
>>> CLIMA: tropical e subtropical
>>> ÁREA MÍNIMA: pode ser plantada em jardins e quintais
>>> COLHEITA: a partir de 3 meses após o plantio
>>> CUSTO: órgãos de extensão rural do município podem fornecer estacas
MÃOS À OBRA
>>> INÍCIO 
A variedade mais indicada para cultivo com fins comerciais é a que produz flores brancas. Elas podem ser fornecidas por órgãos de extensão rural ou em feiras de produtores.
>>> PLANTIO Sua rusticidade permite que seja cultivada em diversos tipos de solo, inclusive não exige que eles sejam férteis. A ora-pro-nóbis também se desenvolve em ambientes com incidência de sol ou meia--sombra. Inicie o plantio no começo do período das chuvas. A hortaliça é resistente à seca, mas o acesso à água nessa fase do cultivo estimula o crescimento dos ramos.
>>> PROPAGAÇÃO A ora-pro-nóbis é propagada por meio de estacas. Para conseguir melhor pegamento das mudas, use a região localizada entre as partes mais tenras e as mais lenhosas da haste. Corte cada estaca com 20 centímetros de comprimento e enterre um terço dele em substrato composto por uma parte de terra de subsolo e outra de esterco curtido. Após o enraizamento, transplante as mudas para o local definitivo.
>>> ESPAÇAMENTO Varia de acordo com a finalidade do cultivo. A ora-
-pro-nóbis pode ser usada como cerca viva, ornamentação e para consumo das folhas. Se a prioridade for o alimento, pode-se adensar o espaçamento, deixando de 1 a 1,30 metro entre fileiras e de 40 a 60 centímetros entre plantas. Mas as folhas podem ser consumidas em qualquer caso, mesmo se a destinação tiver fins ornamentais ou a construção de cerca viva.
>>> CUIDADOS Embora seja pouco exigente em adubações, mantenha bom nível de matéria orgânica no solo para um pleno desenvolvimento das plantas e boa produção de folhas. Faça manutenção a cada dois meses e execute podas dos ramos a cada 75 a 90 dias na estação chuvosa e a cada 90 a 100 dias na estação seca, quando a planta deve ser irrigada.
>>> PRODUÇÃO A partir de três meses após o plantio, pode ser iniciada a colheita das folhas da ora-pro--nóbis - após a poda dos galhos. As folhas devem apresentar de 7 a 10 centímetros de comprimento. Coloque luvas para a hora da coleta, a fim de evitar ferimentos pelos espinhos. Em geral, cada corte rende entre 2.500 e 5.000 quilos de folhas por hectare, variação que ocorre de acordo com a condução e a época de desenvolvimento da cultura.
*Nuno R. Madeira é pesquisador da Embrapa Hortaliças, BR-060, Km 09, Caixa Postal 218, CEP 70359-970, Brasília, DF, tel. (61) 3385-9000, sac@cnph.embrapa.br; e Georgeton S. R. Silveira é extensionista da Emater-MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais), Rua Raja Gabaglia, 1626, Gutierrez, CEP 30441-194, Belo Horizonte, MG, tel. (31) 3349-8000, portal@emater.mg.gov.br
Onde adquirir mudas: órgãos de extensão rural do município ou feiras de produtores podem fornecer estacas
Mais informações: o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), a Emater-MG e a Embrapa Hortaliças estão lançando o Manual de hortaliças não convencionais; informações sobre a edição podem ser obtidas na Emater-MG, portal@emater.mg.gov.br ou pelo telefone (31) 3349-8
Créditos: http://revistagloborural.globo.com  (02 de Dezembro de 2013 | atualizado em 03/12/2013)

6 de novembro de 2017

GOROROBA (alimentação para meliponas)

Há varias maneiras de alimentar as abelhas nativas

Uma delas é a GOROROBA


Uma das vantagens deste método  seria o não afogamento das abelhas e a adição de pólen sem atrair forídeos


Ingredientes


- 500 ml de água
- 400 gr de açúcar
- 1 colher de sobremesa de mel (ASF ou Apis)
- 1 colher de chá de pólen conservados em geladeira (ASF ou Apis)
- 1 pacotinho de gelatina sem sabor (12 gramas)
- 3 folhas de erva cidreira ou capim santo


Modo de Preparo


Ferver o açucar + água + capim por 3 minutos
Deixar esfriar até 40 °C
Retirar as folhas e juntar a gelatina (já dissolvida em 4 colheres de água + pólen + mel)
Misturar bem e por para gelar por 12 horas.


Fornecimento


Abelhas Granddes - Uruçus  100 gr (3x por semana) ou 300 gr (1x na semana)
Abelhas medias- Manduri 2 a 4 tampas de refrigerante (3x na semana)
Abelhas pequenas - 1 a 2 tampas de refrigerante (3x na semana)


Fonte: SEAGRI/ BA



4 de novembro de 2017

Pesquisa revela que abelhas-sem-ferrão amazônicas defendem meliponários contra saques de outras abelhas

Um estudo realizado por pesquisadores formados no curso de Pós-graduação em Botânica (PPG-BOT) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), André Rodrigo Rech e Mayá Schwade e pelo estudante do curso de Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Maurico Adu Schwade, revela que abelhas amazônicas sem ferrão são capazes de defender suas colônias contra roubos de outras abelhas.
O objetivo do estudo foi documentar a resposta de abelhas da espécie Duckeola ghilianii quando uma colônia de outra espécie, próxima a esta, é atacada. As observações foram realizadas em outubro de 2010, e os ninhos foram monitorados posteriormente para verificar como as abelhas se comportaram após o ataque.
O local da pesquisa foi o sítio Bom Futuro no ramal do Urubuí localizado no município de Presidente Figueiredo, interior do Amazonas, onde estão os meliponários da família Schwade. A família mantém um criterioso acompanhamento do desenvolvimento de suas colônias de abelhas, registrando os saques por abelhas ladras como um dos principais fatores na perda de colmeias de Apis mellifera (abelha do mel, africanizada) e enfraquecimento das colônias de abelhas nativas, especialmente as do gênero Scaptotrigona.
De acordo com Rech, há algum tempo Mauricio Adu Schwade percebia que as colônias que estavam próximas às abelhas da espécie Duckeola ghilianii pareciam ser menos atacadas por abelhas ladras (chamadas biologicamente de cleptobióticas, pelo hábito especializado de roubar pólen e mel de outras abelhas). Com base nessa percepção os autores desenvolveram a ideia de que Duckeola ghilianii deveria atuar na defesa de territórios livres de roubo e que dessa forma protegiam colônias na vizinhança contra os mesmos ataques.
Desenvolvimento da ideia
Para testar a tese, os pesquisadores localizaram uma colônia de abelha-sem-ferrão (Scaptotrigona sp.) Que estava sendo atacada por abelhas ladras, as Lestrimelitta rufipes – popularmente conhecidas como abelha-limão, por conta de um composto volátil a base de citral que proporciona o odor característico de limão -, e a introduziram em um meliponário onde já existia uma colônia deDuckeola ghilianii. Na sequência, filmaram e observaram todo o comportamento.
Segundo os autores do artigo científico, publicado na revista Acta Amazonica do Inpa, com esse experimento eles perceberam que as operárias de Duckeola ghilianii rapidamente respondem ao odor produzido pelas abelhas ladras e iniciam uma patrulha e ataque, retirando as ladras de dentro da colônia invadida e impedindo que continuem a saquear. “A presença de comportamento defensivo em gêneros não proximamente relacionados sugere que ele tenha evoluído mais de uma vez”, observam.
No mesmo meliponário havia também uma colônia da espécieMelipona fulva – conhecida como jandaíra preguiçosa -, a qual reagiu igualmente ao odor cítrico e atuou na retirada de pedaços das abelhas mortas. De acordo com os autores: “Embora muito maiores que as operárias de Duckeola ghilianii, as meliponas não foram tão eficientes quanto essas”.
Resultados e propostas
Considerando o comportamento descrito, os pesquisadores sugerem então a criação de espécies nativas resistentes em meliponários de regiões onde elas forem nativas, devido ao potencial que elas têm na proteção das colônias.
“O trabalho traz contribuições significativas para o entendimento da evolução do comportamento de defesa ao roubo em abelhas e faz inferências sobre manejo de abelhas-sem-ferrão na Amazônia, onde o ataque por abelhas ladras é um fator importante reduzindo a produção de mel”, frisam.
Rech informa ainda que, mesmo após o fim da pesquisa, o local dos estudos continua sendo monitorado por ser uma área de criação de abelhas e pelo fato dos proprietários da área acreditarem que apenas com conhecimento será possível reduzir o impacto humano sobre a floresta e aumentar o retorno que podemos obter dela.
O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O trabalho completo pode ser encontrado em:http://www.scielo.br/pdf/aa/v43n3/a16v43n3.pdf
Por Clarissa Bacellar
Fonte: INPA

25 de fevereiro de 2017

Armadilha interna para controle de forídeos em Meliponas medias e grandes












Pegue um potinho firme que sirva dentro da colmeia. Pode ser de filme fotográfico, de remédios feitos em farmácias de manipulação, etc. Aqui no caso, estou usando um frasco de remédio manipulado. 





Faça 2 ou 3 furos por onde os forídeos possam passar. 
Pode-se também colocar um pedacinho de canudinho de bebida encaixado no buraquinho (+ ou - 0,5 cm) para o lado de dentro do potinho, isto para dificultar a escapada do forídeo depois que ele entrou na armadilha

Corte o bobe de maneira que fique um pouco acima dos buracos da armadilha e encaixe este na tampa. Para tampar o espaço vazio do centro, corte um pedacinho do próprio bobe e coloque ele curvado de maneira que não dê espaço para as abelhas passarem. obs: Quando comprar o bobe, verifique se este tem o espaço suficiente para a passagem do forídeo pelas laterais

vista da lateral




                           vista do fundo



vista de cima 
                                                                         vista encaixado na tampa


Depois de montado, abra a tampa e coloque mais ou menos 1/3 de vinagre de maçã dentro do pote e coloque dentro da colmeia como na 1ª  e 2ª  figura.
Desta maneira, as abelhas não conseguem tampar os buraquinhos da armadilha com própolis,devido ao cheiro do vinagre.Se isto vir a ocorrer, há o impedimento da entrada dos forídeos na armadilha, e esta perde a eficácia.

ALIMENTAÇÃO ARTIFICIAL PARA MELIPONÍDEOS




Prof. Harold Brand. Biólogo, meliponicultor, consultor da APA.
 Profharoldbrand@gmail.com 


Em muitas regiões o meliponicultor se depara em certas épocas do ano com diminuição acentuada do pasto floral, dai a necessidade de suprir as abelhas com uma alimentação artificial semelhante com que elas obtém na natureza. A formulação desenvolvida abaixo gera uma resposta muito positiva no aumento das populações e na vitalidade das abelhas. Ela vem sendo aplicada vários anos em três meliponários localizados em matas primárias, em matas degradas e mesmo em centro urbano, povoados por mais de vinte espécies endêmicas e algumas exóticas. São mais de duzentas famílias que consomem nesse período de escassez mais de 120 litros mensais. O preparado é servido em alimentadores coletivos para abelhas de maior porte (uruçu, mandaçaia, boca de renda) e alimentadores especiais para abelhas pequenas ( mirins )e finalmente em algumas espécies diretamente no interior das suas caixas.

 A FÓRMULA 
- 10 kg de açúcar cristal
 - 4,5 litros de água

O preparo:
  Misturar e levar ao fogo.
  Quando começar liberar vapor adicionar:
- 15 gr. de ácido cítrico (seis colheres de chá rasas). Na falta de ácido cítrico uma boa alternativa é sua substituição pelo suco de oito limões rosa.
 - 500 gr. de mel
 Misturar esses dois novos ingredientes e manter a mistura sob chama baixa durante vinte a trinta minutos.

Esta receita é muito interessante inclusive ao pequeno meliponicultor, uma vez que a mistura se conserva inalterada por meses mesmo fora da geladeira, fato explicável devido a sua alta viscosidade e concentração, fatores que impedem o desenvolvimento de microorganismos.

 COMENTÁRIOS 
 O calor e o meio ácido "quebra" o açúcar que é um dissacarídeo em glicose e frutose (monossacarídeos).
Mas, nem todas as moléculas de sacarose são quebradas e o resultado final é uma mistura de 40% sacarose, 30% glicose e 30% frutose composição química muito parecida a maioria dos néctares colhida pelas abelhas nas flores
O ácido cítrico da fórmula além de participar na quebra da sacarose dificulta a fermentação da solução, por isso é muito empregado na indústria de alimentos como conservante. Esses açucares são usados na colméia na formação das reservas ( mel) e combustível biológico da abelha (energia calor e energia movimento)

COMPLEMENTO DA FÓRMULA 
Os açucares da fórmula são excelentes na formação das reservas e na liberação de energia, entretanto, para a manutenção da sanidade das abelhas e produção de ovos, larvas, etc. é necessário aminoácidos, vitaminas e sais minerais. Na natureza as abelhas os conseguem através do pólen. Porém, o pólen coletado pelas abelhas deve ser previamente digerido, para que as substâncias contidas no seu interior sejam liberadas. Para isso é imprescindível a participação de fungos e bactérias decompositores presentes nos potes de pólen. As abelhas em si não podem realizar esse mecanismo, pois o pólen vem envolvido por duas membranas (exina e intina) a mais externa, estruturalmente formada por carotenóides de grande peso molecular que os animais são incapazes de digerir, daí a necessidade de potes de pólen conter bactérias específicas ligadas aos processos de digestão e fermentação. A atividade bacteriana libera as substâncias do interior do pólen na forma de compostos mais simples entre as quais os aminoácidos, vitaminas e sais. Se observarmos os potes de pólen em formação, veremos uma massa semiliquida avidamente disputada pelas abelhas. Esse caldo nutritivo é levado e depositado nos alvéolos constituindo o alimento larval sobre o qual são depositados os ovos.

Lembrando que os principais componentes do pólen as proteínas, são polipeptídios (cadeias formados por centenas ou mesmo milhares de aminoácidos) e devido ao seu tamanho para poder entrar nas células dos organismos e aproveitados, devem ser quebrados pelo processo digestivo, em pequenas moléculas os aminoácidos.
Para suprir a falta de pólen, por que então, simplesmente não fornecemos todos os tipos de aminoácidos diretamente às abelhas para que seu código genético construa suas proteínas necessárias.

Como obter os aminoácidos para adicionar a fórmula?
 Observando a bula dos suplementos alimentares oferecidos pelo mercado (uso veterinário, como glicopan, stimo-ton, etc.) a maioria deles tem as mesmas vitaminas, aminoácidos e os sais minerais, que as abelhas necessitam
O código genético é universal, ou seja, os aminoácidos usados ou codificados pelas abelhas são os mesmo da espécie humana ou qualquer outro organismo. O que realmente varia é a seqüência dos aminoácidos na cadeia polipeptídica da proteína de um organismo para outro.

FINALIZANDO A FÓRMULA 
Os complementos polivitamicos com aminoácidos são fáceis de obter nas farmácias ou clinicas veterinárias. Basta acrescentar 20 gotas ou mais por litro na alimentação antes de serem oferecidas as abelhas

Cuidados com o equilíbrio hídrico 
A formulação obtida é ideal para conservação por vários dias, entretanto por ser muito viscosa não devem ser servidas diretamente as abelhas. No momento de serem oferecidas as abelhas, deve ser dissolvida em certa quantidade água. Quantidade essa que deve variar conforme a umidade relativa do ar. Se, a umidade relativa for de 20% dissolva em 60% de água se for superior a 80% adicione a solução apenas 40% de água. (portanto, dosagem inversamente proporcional a umidade relativa do ar) Observação: A umidade no interior da colméia é vital para o desenvolvimento larval. O seu desequilíbrio pode levar a morte da larva ou más formações, (doença dos alvéolos esbranquiçados).

Cuidados com a temperatura
 É necessária uma atenção especial nos dias frios, pois a abelha a rigor é uma verdadeira máquina bioquímica e como tal é regulada por enzimas que funcionam dentro de uma faixa de temperatura (regra de Van’t Hoff).Nos dias mais frios é de bom alvitre fornecer os alimentos a temperatura mais elevada (o ideal,em torno de 30graus).Como as abelhas podem transportar até 80 por cento do peso do seu corpo se ingerirem alimentos frios seu metabolismo diminui afetando a locomoção e a capacidade de alçar vôo.É um dos fatores de mortandade nos alimentadores.

Lembrete
 I. Tanto a falta como o excesso de alimento podem levar a falência da colônia. É bom observar: se houver mais de dois potes abertos contendo néctar suspenda a alimentação artificial, pois muitos potes abertos podem causar desequilíbrio e desencadear fermentação descontrolada passando atrair os fórides
 II. È de bom alvitre passar lixa nas paredes internas dos potes plásticos, que recebem o xarope, tornando-as ásperos, facilitando a aderência das abelhas, evitando o seu afogamento
 III. A melhor prevenção contra as enfermidades e os demais inimigos naturais, são colônias populosas e bom equilíbrio alimentar.

18 de janeiro de 2017

Abelhas removem larvas mortas para reduzir transmissão de doenças na colmeia




Elton Alisson | Agência FAPESP – Os insetos sociais, como formigas, cupins e abelhas, costumam apresentar um mecanismo de defesa em que removem crias mortas ou doentes a fim de reduzir a transmissão de doenças por parasitas e patógenos dentro da colônia.
Esse mecanismo, denominado “comportamento higiênico”, já tinha sido observado e estudado detalhadamente em abelhas com ferrão Apis mellifera, cujas operárias abrem com a mandíbula as células de cria onde estão uma larva ou pupa morta ou doente e as removem do ninho.
Agora, um grupo de pesquisadores da University of Sussex, da Inglaterra, em colaboração com colegas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), estudou por meio de um projeto apoiado pela FAPESP o comportamento higiênico em três espécies brasileiras de abelhas sem ferrão: a jataí (Tetragonisca angustula), a mandaguari (Scaptotrigona depilis) e a uruçu (Melipona scutellaris).
Os resultados do estudo foram descritos em um artigo publicado na revista Biology Open.
“Avaliamos o comportamento higiênico nessas três espécies porque são algumas das mais utilizadas no Brasil para produção de mel e polinização agrícola”, disse Denise de Araujo Alves, pós-doutoranda na Esalq-USP e uma das autoras do estudo, à Agência FAPESP.
Os pesquisadores coletaram favos de colônias dessas três espécies de abelhas e os congelaram durante dois dias, a fim de matar as pupas e larvas e simular o efeito causado por um agente patogênico.
Após contar a quantidade de células de cria com pupas e larvas mortas nos favos congelados, eles os reintroduziram em oito ninhos das três espécies de abelhas que foram monitorados a cada 24 horas, durante seis dias, para contabilizar os números de células abertas e de larvas e pupas removidas.
Os resultados do experimento indicaram que todas as três espécies de abelhas sem ferrão apresentaram níveis elevados de comportamento higiênico, removendo rapidamente as larvas e pupas mortas por congelamento.
As abelhas uruçu demonstraram melhor desempenho em executar essa tarefa. Em 48 horas após a introdução do favo congelado em suas colônias, as operárias dessa espécie de abelha removeram mais de 99% das pupas e larvas mortas.
Já as abelhas mandaguari removeram 80% da cria morta e as jataí eliminaram 62%.
“O comportamento higiênico dessas três espécies de abelhas sem ferrão é tão eficiente quanto o de abelhas com ferrão”, comparou Alves.
Curiosamente, os pesquisadores observaram que, em uma das colônias de mandaguari que apresentou desempenho mais lento na remoção de crias congeladas, 15% das abelhas adultas que emergiam de suas células tinham as asas deformadas – indicando a possibilidade da existência de doença ou desordem ainda não identificadas, mas com sintomas semelhantes aos causados pelo vírus da asa deformada em abelhas Apis mellifera.
Para avaliar a capacidade das abelhas mandaguari de identificar e remover as larvas e pupas contaminadas, os pesquisadores realizaram um segundo experimento: introduziram favos com crias vivas de colônia que apresentaram esse problema em outras colmeias saudáveis.
Os resultados desse experimento indicaram que as abelhas das colônias com níveis mais altos de comportamento higiênico no primeiro experimento também foram mais eficientes em detectar e remover a cria insalubre (com 12,5% de remoção) em comparação com as abelhas das colmeias menos saudáveis ou “higiênicas”, que removeram apenas 1% das pupas.
“Isso mostra que há uma variação dentro da espécie: quanto mais higiênica for a colônia, mais rápida será a detecção e remoção de larvas e pupas insalubres”, afirmou Alves.
“Como encontramos um número elevado de operárias com asas deformadas do lado de fora dos ninhos, acreditamos que essas abelhas acabam saindo ou sendo expulsas pelas outras operárias adultas e mais saudáveis”, afirmou Alves.
“Se a deformação das asas delas for causada por um agente patogênico, não é positivo que permaneçam na colônia”, avaliou.
Manejo de colônias
De acordo com estudos anteriores, o comportamento higiênico em abelhas não é aprendido: trata-se de um traço hereditário instintivo desses insetos sociais.
Em Apis mellifera esse mecanismo de defesa ajuda no controle de parasitas e patógenos que atacam esses insetos – como o ácaro da espécie varroa e o vírus da asa deformada. No caso desse grupo, os pesquisadores obtiveram colmeias totalmente higiênicas selecionando abelhas rainhas provenientes de colmeias altamente higiênicas.
Estudos realizados nos últimos 10 anos por pesquisadores do Laboratório de Apicultura e Insetos Sociais da University of Sussex indicaram que colônias de abelhas com ferrão com rainhas higiênicas obtidas por seleção apresentam níveis mais reduzidos de vírus de asa deformada e ácaro varroa e maiores taxas de sobrevivência.
Além disso, produzem tanto ou mais mel do que as abelhas de colônias não higiênicas, o que indica que as operárias das colônias higiênicas não removem a cria saudável por engano.
“Talvez esse mesmo procedimento também possa ser usado no futuro próximo com as abelhas sem ferrão para obter colônias mais saudáveis para serem usadas para polinização agrícola em larga escala”, afirmou Alves.
“Essa seleção poderá ocorrer durante a criação in vitro de rainha, produzindo colônias que apresentem altos níveis de comportamento higiênico para uso comercial”, indicou.
Estima-se que no Brasil existam cerca de 250 espécies nativas de abelhas sem ferrão, que têm sido cada vez mais usadas para a produção de mel e polinização e culturas agrícolas.
As doenças que acometem esse grande grupo de abelhas, encontradas em regiões tropicais em todo o mundo, contudo, são menos conhecidas em comparação com as abelhas com ferrão, apontam os pesquisadores.
“Como é um grupo de abelhas muito diverso e ainda não tão estudado como é a Apis mellifera, acreditamos que as abelhas sem ferrão apresentem doenças que ainda não foram identificadas. Contudo, talvez os baixos níveis de doença que observamos geralmente nessas abelhas se deva a mecanismos eficazes de controle dessas doenças”, avaliou Alves.
“Nesse sentido, o comportamento higiênico pode desempenhar um papel importante na saúde das abelhas sem ferrão”, apontou.
Segundo José Maurício Bento, professor da Esalq-USP e um dos coautores do trabalho, a comunicação química nos insetos sociais é fundamental para sua manutenção. Contudo ainda é pouco conhecida para as abelhas sem ferrão.
“Possivelmente, os sinais químicos produzidos pela cria indicam às operárias adultas o seu estado de saúde, facilitando a detecção e remoção das larvas e pupas doentes. Estamos agora interessados na composição química destes voláteis, o que abre novas e interessantes perspectivas de estudos”, afirmou Bento.
O artigo “Hygienic behaviour in Brazilian stingless bees” (doi: 10.1242/bio.018549), de Toufailia, Alves e outros, pode ser lido na revista Biology Open em bio.biologists.org/content/5/11/1712 .  

5 de janeiro de 2017

Milhões de abelhas morrem no interior de SP; agrotóxico pode ser causa

Que tristeza....

Pelo menos dez milhões de abelhas morreram nesta semana na região de Porto Ferreira (a 230 km de São Paulo). A estimativa de produtores de mel é que ao menos 200 colmeias de nove apiários tenham sido atingidas. A principal suspeita é de que agrotóxicos aplicados por uma usina em um canavial da região tenham causado as mortes.
O Ministério Público foi acionado e irá analisar se irá entrar com uma ação civil pública para apurar as responsabilidades.
As colmeias ficam na Fazenda Rio Corrente, que cede parte de sua área para a instalação das colmeias e também arrenda terras para a Usina Ferrari, responsável pela aplicação do agrotóxico. As colmeias ficam a algumas centenas de metros da plantação de cana e a suspeita é que a pulverização feita por avião tenha se expandido além da área pretendida pela usina.
"Perdi quase todas a minhas colmeias, e não vou conseguir voltar a produzir em menos de quatro anos. Vou retomar a produção, mas ela será bem menor até lá", conta o apicultor Wanderley Fardin, que estima um prejuízo de R$ 250 mil. 
Nem a Usina Ferrari nem representantes da fazenda informaram a marca do agrotóxico aplicado.
Segundo o biólogo Osmar Malaspina, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro, um estudo realizado no ano passado analisou uma série de caso de mortes de abelha em apiários no interior de São Paulo e concluiu que a principal causa da morte dos insetos é o uso incorreto de agrotóxicos.
"Pelo menos 70% dos casos têm como motivo o uso errado de agrotóxicos", disse. "Isso quer dizer uso acima da dosagem recomendada e aplicação em locais onde não o produto não deveria ser aplicado. Não podemos ser contra os inseticidas e agrotóxicos, mas eles devem ser usados dentro das determinações."
Wanderly conta que a mortandade de abelhas acontece todo ano, mas nunca nessas proporções. "Eu tenho perto de 200 colmeias. Todo ano perco entre 20 e 30 por conta dos agrotóxicos, mas acabamos dividindo as colmeias e repondo as perdas. Agora, não sobrou nada para repor", explicou.

Inseto é fundamental para polinização

O apicultor conta que as mortes começaram a ocorrer no início da semana, pouco depois de a Usina Ferrari realizou uma aplicação de agrotóxico em canaviais da região. "Acho que eles erraram a mão e acabaram com as abelhas. Até eu mesmo passei mal", disse Wanderley, que registrou boletim de ocorrência e afirmou que pretende cobrar os prejuízos na Justiça.
O biólogo da Unesp diz as abelhas são fundamentais para a polinização das plantas e que, por isso, a morte de uma grande quantidade delas pode ter impacto direto no meio ambiente. 
"A polinização por abelhas é de extrema importância tanto no aspecto ecológico, quanto econômico e social. Por isso, é essencial encontrarmos uma forma de as aplicações de agrotóxico não dizimarem colmeias inteiras."
Segundo Wanderley, a Usina Ferrari informou aos apicultores que enviou uma bióloga até o local da mortandade de abelhas e que irá apurar se o agrotóxico causou as mortes. 
Créditos: Eduardo Schiavoni
Do UOL, em Ribeirão Preto (SP)

Abelha Mirim aprisiona princesa em lamela de cera



Créditos: Semeando conhecimentos- Couto Abelhas