
PRÓPOLIS
A própolis constitui-se numa substância resinosa encontrada principalmente na entrada da colmeia (alvado) ou frestas, sendo transportada pelas abelhas campeiras nas patas posteriores (corbículas), ocasião em que é enriquecida pela saliva das mesmas. As abelhas retiram a própolis das pétalas dos botões de flores, folhas, cascas e troncos de árvores, como por exemplo: bracatinga, pinheiro, “pinus elliot”, ameixeira, pessegueiro,etc.
O nome própolis se deve aos gregos que já a utilizavam desde tempos remotos, significando pro = entrada e polis = cidade. Hoje sabe-se que a abelha participa ativamente na produção de própolis, não só recolhendo as secreções das plantas, mas transformando-as através de enzimas na forma em que o apicultor encontra na colmeia.
Esta contribuição ativa comprova-se pois os flavonóides isolados e identificados na própolis estão na forma de agluconas e não na forma de glucosídeos como os flavonóides são encontrados nos vegetais. A composição da própolis é variável, encontrando-se alterações de acordo com o tipo de vegetação predominante na região. A maioria dos pesquisadores concordam que a base de sua composição é de 50-55% de resinas e bálsamos, 30% de cera, 10% de óleos voláteis dentre eles os azeites essenciais e aromáticos e 5% de pólen.
Foram encontrados ainda, vários flavonóides e ácidos aromáticos, além de ferro, cobre, manganês, zinco e vitaminas do complexo B, etc. Os flavonóides apesar de suas atividades farmacológicas (mais de 41 ações terapêuticas) não podem ser considerados os únicos responsáveis pelas atividades biológicas da própolis, pois a própolis européia é mais rica em flavonóides do que a brasileira, mas não apresenta tanta ação terapêutica quanto a nossa. Os flavonóides têm ação sobre o sistema capilar, diminuindo a fragilidade e no sistema circulatório, agindo como vasodilatador e hipotensor. O ácido felúrico talvez seja o maior responsável pela ação bacteriostática (evita o desenvolvimento) e bactericida (mata a bactéria) da própolis e é também responsável pela ação coagulante no tratamento de feridas de cura lenta e difícil. Este composto rompe a membrana celular dos microorganismos destruindo-os, principalmente as bactérias gram positivas. Daí o uso da própolis na prevenção da cárie, problemas de herpes labial e zoster.
Diversos trabalhos científicos têm sido realizados demonstrando a importância da própolis. Em Santa Catarina foi realizado um trabalho de mestrado por Niraldo Paulino, demonstrando a ação broncodilatadora e analgésica da própolis catarinense.
Com este trabalho demonstrou-se que a própolis é um poderoso antigripal, sendo usada tanto na prevenção como na cura da gripe, asmas bronquites e resfriados. Seu uso já é consagrado no tratamento de sinusites, amigdalites e renites. Hoje em dia sabe-se que a maioria das úlceras gástricas são causadas pelo bacilo Heliobacter pilori que é altamente sensível à própolis o que justifica o seu emprego no tratamento de infecções gástricas.
A própolis também tem ação antimicótica, atua sobre alguns fungos e leveduras, principalmente micoses e coceiras no corpo, fungo de unha e dermatite seborréica.
Nestes casos utiliza-se shampoos a base de própolis, pomadas e extrato de própolis.
Possui ação antiparasitária, o que foi comprovado na Rússia, testando-se 45 crianças de 2,5 meses a 3 anos de idade, com infecção intestinal e diarréia, sendo que em 35 crianças os sintomas desapareceram. É excelente no combate à Giardia intestinalis que causa duodenites em adultos e infecções gastrointestinais em crianças ao Trichomonas vaginalis responsável por vaginites e uretrites nas mulheres.
Pesquisas em Cuba revelaram que inoculando-se própolis no duodeno de pacientes com úlceras, a cura é certa em 95% dos casos.
Em cirurgias dentárias de sulcoplastia (enxertos dentários) a própolis demonstrou ser um poderoso antiinflamatório, evitando o aparecimento de aftas e gengivites. Age também sobre as pseudomonas e stafilococus. Possui ação oxidante, os flavonóides da própolis atuam sobre os radicais livres do nosso organismo que são moléculas instáveis e altamente reativas, evitando que essas moléculas tendem a reagir com as vizinhas para se estabilizar, formando reações em cadeia que vão provocar oxidação dos tecidos, transtornos no DNA e RNA, alterações na síntese protéica ocorrendo degeneração celular que é a causa dos tumores.
Desta forma os flavonóides são também antitumorais, pois evitam a oxidação das células, retardando o crescimento tumoral. Experimentos com ratos demonstraram que o uso da própolis aumenta o período de vida de ratos com tumores. Outra importante ação da própolis é sua atividade imunomoduladora, isto é, tem ação estimuladora do sistema imunológico, estimula a produção de células produtoras de anticorpos e globulinas, importante para pacientes com baixa resistência. Poucas pessoas sabem da capacidade de proteção solar da própolis, estudos revelaram que emulsões e cremes à base de própolis funcionam como filtro solar natural conseguindo-se FPS 4. É também vasoprotetora, através dos flavonóides que atuam sobre a histamina evitando o depósito de lipídios nos vasos sanguíneos, prevenindo a arterioesclerose.
Trabalho realizado na Amazônia, demonstrou ser a própolis um excelente supressor dos sintomas da malária, funcionando também como repelente de insetos, principalmente mosquitos.
Em geral o homem tolera bem a própolis, com raríssimas exceções de pessoas alérgicas.
Devemos lembrar que a própolis não é um remédio milagroso para todos os males, e em função de suas propriedades bactericidas e bacteriostáticas deve ser utilizada com cautela e só quando estivermos realmente necessitando. Não é café ou chimarrão que se possa tomar a toda hora, e o consumo da própolis (própolis bruta), bem como doses elevadas de tintura (mais de 60 gotas por dia) são totalmente errado podendo causar intoxicações.
A própolis para uso oral deve ser preparada por laboratório idôneo, sendo consumida na quantidade de 10 a 45 gotas para adultos e 50% deste volume para crianças, depositadas sobre uma “colher de sopa” de mel e colocada num copo, adicionando-se 1 ou 2 colheres de sopa de suco de fruta ácida e completando-se com água.
A própolis apresenta-se na forma de extratos, spray bucal, pastilhas, balas, suspensão, xaropes, comprimidos, gotas nasais, pomadas além de uma infinidade de cosméticos à base de própolis, como shampoos, cremes faciais, ...
CBA ARTIGOS TÉCNICOS - 2007
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